quarta-feira, 14 de setembro de 2005

Fatos irreais e reais boatos

Desde o começo da CPI dos Correios eu já passei por diversas fases. A achei horrível, perigosa, sinistra, banal, desnecessária e, até ontem, engraçada. Os fatos geradores da mudança são a minha vergonha e o meu medo. Não consigo acreditar até agora na ida do coronel do exército que prendeu José Genoíno em mil novecentos e petê saudações pelo seu comportamento politicamente subversivo a sala onde ocorria o depoimento do mesmo a CPI.
O que me é mais claro é o sentimento de necessidade de participação em algum tipo de Big Brother, essa necessidade imensa de virar celebridade por qualquer meio, de qualquer forma, não consigo suportar a idéia de ter visto aquele cidadão tentando justificar a sua ida com um convite de um deputado bondoso. O que tem aquele coronel a ver com o depoimento de Genoíno? Será que eu estou louco ou alguém tentava intimidar o depoente? O envolvimento do PT em ações ilícitas tem o que a ver com a prisão de Genoíno pela então ditadura militar? Serei eu o único a não saber o que são fatos e o que são boatos?
Jefferson (o Roberto) tem muitos poderes mágicos, e um dos maiores feitos desses poderes foi a transformação de nossas percepções de realidade, agora tudo dito vira fato no ato. Corrupção e ladrão não deixam prova porque querem, pelo contrário, usam de todo o cuidado e carinho para rastros não existirem. Mas há que se apurar para afirmar, publicar e incriminar, há muito dito e pouco provado, evidências são necessárias para incriminarmos alguém, sem prova não há crime e se não há crime não há criminoso. É claro que mais do que nunca perdemos a confiança no poder público, mas não podemos perder a consciência de que algo está muito errado, das duas uma: ou estamos afogados em um mar de fatos e boatos, ou eles abriram a jaula dos leões mesmo. Não quero deixar que o erro de alguns tire o valor de uma democracia, questionável, mas democracia. Piegas soa, mas somos nós que fazemos eles serem homens públicos, sem nós, eles não chegam lá, a culpa é um pouco minha também, mas neste momento o assunto é outro, precisa-se saber quem é quem para que não coroemos reis de fatos irreais e nem condenemos crimes de reais boatos.

2 Comments:

Blogger Companhia Silenciosa said...

Preciso constar da sua lista de blogues, Diego "Fortes"!

10:12 PM  
Anonymous Anônimo said...

Olá Diego

Vi o o seu tópico no orkut sobre a entrevista do Dalton Trevisan e gostaria que me enviasse se possível.
e-mail:mariuza.freire@estadao.com.br

Obrigada

Mariuza

5:44 PM  

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