sexta-feira, 1 de abril de 2005

Sedução

Fui seduzido. A mídia conseguiu me trazer aqui, depois de um tempo discutindo uma das mesmas coisas de sempre, a eutanásia. Uma discussão que não tem fim. Você é a favor ou contra a eutanásia? Que papo furado! Os Estados Unidos mais uma vez atraiu a atenção para um caso isolado de uma pessoa desconhecida, mais uma vez nós discutimos o que eles propuseram. Não quero parecer desrespeitoso e crítico a ponto de ferir os valores da família dessa senhora que faleceu ontem, pelo contrário, escrevo aqui a minha indignação em relação a esse poder do Estado de determinar o que fazer de uma opção pessoal de viver ou não viver de alguém e o pior, utilizar disso para que falemos sempre mais sobre esse sistema democrático perfeito.

Valores mal discutidos nos trouxeram a essa quase confusão mental coletiva, uma falsa consciência do que é ser judaico-cristão está aqui e vendemos aos montes em nossos jornais, telejornais e outros meios de massa, o que me assusta é que mais uma vez esquecemos que o poder econômico dos Estados Unidos conseguiu travar as idéias de todos nós e voltamos a uma discussão idiota e medíocre sobre vida e morte. Não temos mais relação com a solução e mediação de problemas através da informação, o jornalista me parece buscar somente informar e informar e informar e informar de novo.

Vergonha secular foi usarmos motivos esdrúxulos para ignorar a ONU, uma convenção que tomou anos ou séculos, se pensarmos em História, de discussão sobre meios de conciliar problemas. Por meio de um poder econômico hegemônico negamos tudo e inventamos desculpas para invadirmos alguns países interessantí$$imos, mas agora precisamos procurar desculpas para sairmos deles.

Fui seduzido pelos Estados Unidos de novo, por esse blábláblá sem sentido e novamente chegamos a conclusão de que Sempre Beberemos Coca-Cola! AAAAH!

2 Comments:

Blogger Denis Pedroso said...

Talvez o problema não esteja em beber coca-cola, nem em almoçar de vez em quando no McDonald’s, mas em beber coca-cola e olhar para a garrafa e ainda dizer “caralho, como é boa”, ou, sentado à cadeira de um shopping, pegar um big mac e pôr em discussão se “a carne é feita de minhoca mesmo?” Eis como a indústria do entretenimento funciona, não só ali na tela da televisão, do computador, do cinema, mas tornando o pensamento fast food e o prazer gelado e refrescante. O pior? “Como é bom coca-cola e que delícia um big mac!” Isso é o pior, não fugirmos deste cercado que nos detém, com a gente cuidando com zelo, para que aquela partezinha que está ruindo ali ó, seja logo arrumada para que outros não invadam nosso terreno. Somos os funcionários, a Indústria está contente com nosso trabalho e somos presenteados por isso, com entretenimento. Que tristeza, pois somos bichinhos adestrados. Seja Terri Schiavo ou Mar Adentro, não importa, é sempre sobre a gente. Proponho um jogo: 1) vamos ao shopping, peçamos o nº1 com coca-cola e discutamos o tempo na obra de Proust; 2) façamos um jantar aqui na minha, aquele prato que tu passou a receita uma vez lá no Jacobina e, bebendo um bom vinho, discutamos a vitória do Jean no BBB ou o porquê do Parreira não começar com Robinho. É um exercício que, se bem analisado depois, revela o que sobra, o que resiste, o que está em jogo no meio disso tudo. Aí teremos do que somos feitos e o porquê de sermos, ao mesmo tempo, tão frágeis justamente onde nos fortalecemos. É a minha tentativa de não apenas constatar, reclamar, mas procurar um desvio no fluxo do caminho; e não protestando e dando gritos como se fôssemos cães latindo, hasteando bandeiras vermelhas e fazendo bagunça na praça da federal. Calma aí, pois há muito por vir daqui. Parece brincadeira, mas não é. E... dá-lhe!

ps.: recebi uma carta da folha hoje, começava assim: “Gomes, para a Folha, é um orgulho ter assinantes como você”. GOMES!?!?!?!?!?!?!?

1:52 PM  
Anonymous Anônimo said...

Opa! E aí, cara!!! Tranquilo?! Afude o teu blog! Lerei-o! Abraço!

4:14 PM  

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