terça-feira, 5 de abril de 2005

KARISMA

Assistindo a toda essa movimentação pela morte do papa, com tantas retrospectivas dos anos de pontificado relembro: o fim do século passado foi marcado por chefes de Estado incrivelmente carismáticos. Tivemos um ex-astro de Hollywood eleito presidente norte-americano que foi considerado reacionário por muitos por abrir diálogos inéditos quando recebeu o chefe de Estado da antiga União Soviética que implementou a Perestóica e o Glasnost e assumiu os erros em Chernobyl punindo os culpados, também recebido pela premier britânica chamada "dama de ferro", mas detentora de um crédito internacional imbatível pelos seus antecessores e sucessores conhecidamente tradicionais e fechados servos da coroa, tivemos também um presidente francês anti-testes nucleares que recebeu o mesmo chefe da União Soviética, um papa "pop" que pediu desculpa publicamente aos judeus pelos atos de maldade praticados na Segunda Guerra, apoiou a "causa palestina", viajou dois anos de seu pontificado, foi recebido por povos conhecidos como "inimigos" da Igreja Católica, recebeu o chefe maior do Estado cubano no Vaticano e foi até Cuba retribuir a visita, quando assistimos pela primeira vez depois da Revolução Cubana cruzes sendo levantadas em manifesto a fé cristã. Celebramos a histórica primeira visita de um papa a antiga URSS. Vimos o chefe da Autoridada Palestina e o premier israelense apertarem as mãos em público. A queda do Muro de Berlim, o fim das ditaduras na América do Sul, o fim gradual da Guerra Fria.

De todos esses personagem históricos podemos dizer a mesma coisa, que são ou foram "filhos" de uma guerra ou de regimes totalitários. Em 1939, no início da Segunda Guerra, nenhum deles era chefe de Estado, presidente ou nem mesmo padre. A incrível e notória noção de ser humano, a valorização do indivíduo no seu mínimo e na essência vem desses que foram com certeza oprimidos e tiveram de superar as fraquezas para escaparem vivos da até então maior guerra da História. Já não é mais.

A guerra é lição para os que não tiraram vantagens dela, mais uma vez provamos que não salva nenhuma nação, não trás vantagens econômicas incríveis a ninguém nem a nenhum país, não regozija nenhuma bandeira e não celebra a vitória de nada. Assistimos um povo celebrar a paz, e muitas vezes deixar "escapar" a humanidade através dos seus chefes de Estado. Tivemos mais paz que guerra, proporcionalmente, mas ainda mais morte que vida. Tivemos as absurdas Guerras do Vietnã, das Malvinas, do Camboja, do Golfo Pérsico, do Irã-Iraque, e não por serem revoltas contra ou causadas por opressores tiro o rótulo de ridículo e absurdo da Intifada, Bósnia-Herzegovina, Líbano e Haiti. Precisamos provar tudo de novo, que para promover a paz é preciso falar menos em guerra e mais em paz.

Como genializou o pensamento nosso, Millôr "A guerra é a continuação da paz. Só que com muito mais dinheiro"*.

*(FERNANDES, Millôr, Millôr Definitivo - A Bíblia do Caos, L&PM, POA, 1994)

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

vou escrever em Deutsch,beleza?!

11:12 PM  

Postar um comentário

<< Home