segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Síria: #nofilter

Os números não mentem, a Humanidade teve mais tempos de guerra que de paz. A do Paraguai, a Primeira, a Segunda, da Coréia, do Vietnã, da Bósnia. Fora os regimes totalitários: Franco, Mao, Lênin, Hitler, Khmer Vermelho.

Quando pequeno lembro de ouvir muito sobre a Bósnia, via na TV Globo os boletins diários no Jornal Nacional de algum correspondente que enviava imagens turvas e escuras de ruas destruídas, prédios arruinados e fogos verdes no céu, eram as artilharias filmadas com câmeras de visão noturna.

Hoje me deparei com fotos online no Instagram de gente que está na Síria. São horríveis. Tétricas. Gente morta, decepada, crianças chorando, corpos empilhados. Imagens fortíssimas, transmitidas ao vivo, online. Enquanto eu publico fotos lindas de uma praia, um cara publica um muro cheio de cabeças enfileiradas pelo exército sírio. Isso sempre aconteceu. Desde que o homem é homem, sim, todo mundo sabe disso. O que nunca aconteceu, foi a transmissão ao vivo pelas mãos de gente que vive a guerra, gente postando a morte da sua gente, do seu país online, ao vivo.

Talvez seja essa a grande revolução da era da informação, da democratização do fluxo de dados. Sabermos tudo, mas tudo mesmo, o vinho que eu bebi no almoço, a praia que você foi nas férias, o texto do poeta canadense até a morte de crianças sírias, tudo ali, rápido, instantâneo, #nofilter.