terça-feira, 26 de abril de 2005

Propriedade privada

Hoje pela manhã estava no centro da cidade e precisava pagar a conta do mês da companhia de luz. No centro desta cidade é sempre um problema estacionar. Foi então que lembrei que dá para pagar conta nos caixas dos supermercados, e os supermercados costumam ter estacionamentos. Achei um na rua XV de Novembro e estacionei. Entrei na fila, esperei quinze minutos, paguei a conta em menos de quinze segundos, saí do supermercado, entrei no carro, e de repente fui abordado por uma mocinha com um rádio (desses que leões-de-chácara usam) na mão que me pediu para abrir o vidro e disse:
- O senhor não pode utilizar nosso estacionamento caso não faça compras.
- Eu sei, eu não fiz compras, mas vim pagar uma conta no caixa.
- Mesmo assim. Não é permitido.
Penso: a que ponto chegou essa noção de propriedade privada. Utilizei um serviço do supermercado e mesmo assim não tenho o direito de utilizar o estacionamento. Tudo bem, eu até acho que a mocinha não quis perder o esporro que já havia iniciado, com a cara de ânus que usa nessas horas, quando se tocou que havia falado besteira para o cara errado.
Mas isso não tem nada a ver com o marketing dos supermercados, ou o que se pretende fazer com eles (marketing e supermercados), tem mais a ver com pontos de conflito entre o que se tenta racionalizar com teorias econômicas e de mercado e as bases, origens do pensamento racional.
"O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, cercando um terreno, teve a idéia de dizer, este é meu, e encontrou pessoas bastante simples para acreditarem". ROUSSEAU*.
*ROUSSEAU, Jean-Jacques, Textos Filosóficos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

1 Comments:

Blogger bulldozer studio said...

Mais conversas dessas e a cuca funde. Mas há de ser para o melhor...Abrax

1:59 AM  

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