segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

A descrição de cargo e o homem contemporâneo

A Revolução Industrial trouxe uma série de conceitos de trabalho ao homem moderno, o transformando em uma ferramenta de produção em escala e em massa, que aqueceu as economias de países no final do século 19.

Esse homem que antes era camponês, rural e produzia sua própria comida, vendia seu artesanato em feiras nas cidades e comunidades próximas a sua propriedade, virou um ser urbano, peça de um sistema de produção que dava a todos a chance de se tornarem ricos através de seu próprio trabalho.

Nesta mesma época, nasceram as teorias de administração de empresas, com ergonomia e distribuição de tarefas, tudo em prol da sistematização dos meios de produção. Nasciam assim as descrições de cargos. Que determinavam as tarefas de cada pessoa em seus meios de trabalho e produção. Essa pessoa que cumpria com ardor seu trabalho vinha de uma cultura classista, quase de castas, herança do período medieval, em que o trabalho e sua condição eram inquestionáveis, por serem o único modo de vida.

Mais de 200 anos depois disso, as descrições de cargos existem com a mesma forma e me parece, com a mesma intenção. A grande diferença é que esse homem "monoestimulado" pelo seu trabalho e alimentado por água, vinho, pão, carboidratos simples e carne e ovos criados em casa, hoje tem acesso a uma gama de estímulos e informações, assim como se alimenta a base de corantes, conservantes, cafeína, chocolate, carne e ovos tratados com hormônios. Tudo isso regado a lâmpadas acesas 24 horas por dia.

Esse homem conseguiria nos dias atuais se submeter a uma descrição de cargo de forma que consiga ainda ser feliz e viver em harmonia com o mundo que o rodeia?

O homem atual ainda não conhece em sua totalidade a forma de seu novo meio de trabalho e sustento, mas certamente não é através de um sistema criado há mais de 2 séculos para um homem distinto de si, que se manterá. Já se vê hoje a incompatibilidade das culturas de grandes empresas com a realidade criando barreiras para contratarem pessoas para seus níveis gerenciais.

Isso tem uma raiz quase filosófica na criação dos cargos gerenciais pós-Revolução Industrial, quase como um sistema de castas, em que subordinados nasceram para servir seus senhores, os operadores obedecem as ordens de seus gerentes.

2 Comments:

Blogger __________________________________ said...

Muito bom, Diego!
Concordo totalmente contigo.
Seu texto me lembrou esse vídeo aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=F12DAS-ZNDY

Adorei o "Mil ao Contrário". Grande descoberta. Vou passar mais vezes por aqui.
Valeu pela dica.
Abração.
Lucas

3:10 PM  
Blogger __________________________________ said...

Muito bom, Diego!
Concordo totalmente contigo.
Seu texto me lembrou esse vídeo aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=F12DAS-ZNDY

Adorei o "Mil ao Contrário". Grande descoberta. Vou passar mais vezes por aqui.
Valeu pela dica.
Abração.
Lucas

3:14 PM  

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