sábado, 19 de abril de 2014

O rio de 04/07/2003

O abraço que me aperta, 
me esquenta e diz que adora o escuro,
me esquenta de indiretas cheias de amor,
uma tarde que eu não esqueço,
um beijo que eu não esqueço,
as palavras são todas sabidas por ti,
e os teus poemas são longos e sonoros,
são de idas e voltas, são tempos cheios de arte,
de exposições secretas em teus olhos negros,
que mostram o mais profundo rio,
o que rio que nadas e eu sou uma das pedras,
ou um dos peixes desse rio,
e quando eu nado nele, te vejo,
te sinto, a tua figura se espalha nua
no espelho d'água para se limpar,
e nunca mais se sentir usada,
a minha relação contigo é como eu,
sendo um peixe, ou uma pedra,
e tu, nadas no rio onde estou,
onde existo, esse rio é dentro de ti,
e faz-se minha morada,
alguns o chamam de, simplesmente, 
rio,
nós escolhemos chamá-lo de Arte,
nós escolhemos fazê-lo Amor.