quinta-feira, 2 de julho de 2020

A morte

A morte é uma pessoa que chega numa festa, vestida de branco ou de colorido. Avista as pessoas, escolhe quem vai consigo. Não é bem-vinda aos que estão na festa, mas sempre aparece sem ser convidada.

Nunca pede permissão para entrar, muito menos para sair. O mais mágico é sua presença no ambiente. Enquanto ela está ali, todos sabem, todos sentem, todos a veem, mas ela é tratada como errante. Talvez tenha vindo até a festa errada, mas ela não erra endereço, dia e nem a dança, e como dança!

Enche o ambiente com sua presença, causando um desconforto secreto em todo mundo. Não tem quem não a veja, até as crianças antes de falar já sabem que ela está ali, pois fala alto, dança majestosamente zombando da nossa falsa insensibilidade.

No momento em que sai pela porta da frente levando um dos convidados consigo, nos deixa deprimidos e ocos, mas secretamente ficamos aliviados com aquela tensão causada pela falta de nexo da sua presença indesejada e ao mesmo tempo sabida e há muito tempo esperada.

Leva consigo a tensão, a ansiedade, mas em troca, leva alguém. Crua, bate na nossa testa e diz em um olhar: estou apenas fazendo meu trabalho.

Boa viagem!