sexta-feira, 29 de abril de 2005

Filosofia no shopping

O professor Ronald Pires da Silva citou e pediu análise sobre quatro proposições divididas em tópicos. Segue a citação do professor em negrito e análise logo em seguida.
Os administradores de marketing analisam pressupostos fenomenológicos do comportamento humano, a saber:
  1. O ser humano é positivo, seu comportamento é razão;
  2. O ser humano é emotivo, é movido por afeto;
  3. O ser humano é dialético, é movido por oposições;
  4. O ser humano é complexo, é movido por determinações e indeterminações;


1) O ser humano é positivo, seu comportamento é razão.
O meu comportamento deveria estar mais ligado à razão, à real possibilidade de compra, à real necessidade.
É uma constante pensar que é mais racional “ir ao supermercado de barriga cheia”.
Comprar com a razão é uma árdua tarefa em meio ao enorme apelo consumista existente no mercado.

2) O ser humano é emotivo, é movido por afeto.
As empresas e suas campanhas publicitárias parecem já ter aprendido que a parte do comportamento humano que se preocupa com o afeto ao outro pode “mover montanhas”, por isso o apelo de mercado, muitas vezes, está ligado à motivação da emoção, levando o cliente à “comprar com o coração”.
Por isso, muitas vezes a compra é feita pela emoção, que parece me vender o momento, aquela experiência abstraída muito bem nos conceitos de produtos e quase perfeitamente traduzida nos serviços associados a esses produtos, ou por si só.

3) O ser humano é dialético, é movido por oposições.
Compro pela identificação da minha posição como agente econômico/social (consumidor) e não pela real possibilidade ou necessidade. A oposição entre marcas, empresas e agentes econômicos/sociais associados a perfis que traduzem minha personalidade e anseios como pessoa e, ou profissional.
Eu decido muitas vezes pela marca ou empresa que se opõe ao que julgo diferente de mim ou, na maior parte das vezes, o que busco ser, acho que sou.

4) O ser humano é complexo, é movido por determinações e indeterminações.
Este tópico reúne as complexas somas de variáveis do que o consumidor pode ser e como pode agir em relação ao mercado.
Determinado e indeterminado estão muito próximos e presentes sempre. Anulam-se.
Essas determinações são resultado da reação a ações no mercado através de marketing, situações efetivas de conjuntura econômica e determinações de seus nichos de mercado e classes sociais. Compramos de acordo com o que nos vendem (necessidade, vontade), com o que podemos comprar (poder aquisitivo) e com o que nos é convicto de nossos meios sociais.
As indeterminações são resultado da reação das ações no mercado que desregulam a ordem tomada como realidade através da análise do mercado (marketing), conjuntura econômica, comportamento dos nichos de mercado e classes sociais. Provam a necessidade da flexibilidade dos planos das empresas e o modo com o que consumidores podem simplesmente “desobedecer” as ordens do mercado em que se age.
Agimos e reagimos e não existe verdade em forma fixa e imutável de comportamento de consumidor. Não se trata apenas de opinião, preferência, emoção ou razão, mas de uma soma complexa e indefinida de causas e efeitos em indivíduos, grupos sociais, empresas, economias nacionais e nações.

O negócio é o seguinte, meus amigos: vamos comprar mais e encher as nossas casas de nada(s).