terça-feira, 10 de maio de 2005

Nem tudo são pixels

Estive no último fim de semana em uma feira de artesanato internacional. Eram muitos estandes de estados brasileiros, países da América do Sul, Europa e Ásia. Eu cheguei ao pavilhão da feira e dei de cara com um absurdo, era um comerciante de Hong Kong que trouxe vasos enormes de porcelana chinesa para vender em Curitiba numa feira mal divulgada em um tempo que se pode comprar tudo em sites velozes com um cartão de crédito em meio a uma variedade incrível e com a melhor das vantagens contemporâneas: sem sair de casa.
Andando pasmo com aquele absurdo, deparei-me com um estande de Murano, cidade italiana vizinha a Veneza conhecida pela arte em vidro. Lindos bibelôs. O que também se compra com facilidade pela web. Mas lá eu caí na real. De uma foto ampliada de um artesão muranês foi feito um pôster com um escrito ao lado: NO-GLOBAL. O layout lembrava uma propaganda da IBM, mas era uma antipropaganda, um sinal, um aviso para o meu cérebro parar e usar o fosfato para outra coisa que não fosse o desperdício em procedimentos de e-commerce para um tipo de bem que não tem a menor graça vendido e comprado em uma "loja" à WWW.
O artesão é global, mas não desses como eu.
Por isso fique sentado à frente dessa tela, comandando o mundo com um teclado e um mouse e esqueça que nem tudo na vida são pixels.