domingo, 6 de abril de 2008

O meu livro de matemática da 8ª série


Tive um professor de uma matéria chamada metódos quantitativos que falava com toda a convicção que 99% dos problemas de um empresário podem ser resolvidos através de cálculos lineares e mais, com expressões do primeiro grau. Acredito nele. Através de um amigo tive contato com um problema de um varejista que demonstrava graves problemas na área financeira, tudo causado por uma administração ruim de suas compras. Resumindo, itens de grande representatividade encalhados consumiam os recursos, a liquidez ia para o beleléu. Um gráfico ABC bem composto ilustraria os problemas mais cabeludos do estoque desse caso. Simplismo?

Gosto muitíssimo de cinema, mas sempre fui um adorador da crítica, o papel da crítica é reconstruir de uma forma provocante o pensamento. Amigo meu e ex-professor, Toni, me contou esta semana que deu uma aula propondo uma constante crítica aos modelos dos gurús da administração, e como inventou a Harvard Business School, o método de estudo de caso, sim essa é uma forma de análise que não dá sono. O que acontece de errado em muitos casos é uma generalização de soluções e todo mundo tá careca de saber que o que serve hoje pode não servir amanhã, o que serve aqui pode não servir lá e por aí vai. O grande lance das soluções baseadas em modelos e do que pregam meus ex-professores é que muitos dos problemas têm fundamentos muito mais simples do que parecem se a análise for feita com um olhar no resultado das falhas a serem reparadas e não com base em casos de sucesso sendo copiados literalmente, aí mora o perigo da caixinha mágica que sempre ficaremos tentados a comprar de consultorias por mais cara que seja. A realidade é que mesmo sendo provocado a viver face-to-face com o mercado e duvidar das teorias básicas de administração e de simples modelos matemáticos, se tende a enxergar nos gurús e seus estudos de caso uma nova forma da teoria ligada fortemente à prática, mas o vazio causado pelo exemplo distante ou pela generalização aumenta a chance de se destruir a solução. Entre o livro do gurú e um livro de matemática da 8ª série, sempre vai dar mais sono, mas o da 8ª série parece ter um abismo de oportunidades de geração de soluções muito mais paupáveis.

Foto: Artista do 'Teatro de Fogo' de Belarus treina manobra em Minsk - Vladimir Nikolsky/Reuters

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Numa abordagem original para um problema cada vez mais crescente, pode-se ver claramente que a sociedade do efêmero-urgente-eficiente tende a colapsar se não adotar uma sistematização mais adequada ao perfil dos seres humanos. Na ânsia de obter resultados, tenta-se fazer uso de ferramentas prontas, pasteurizadas ao gosto de cliente, sem que este seja levado a refletir sobre os processos de produção, e o pior, sem capacidade intelectual para fazê-lo. Seguramente se colherão os podres frutos destes tempos insanos. A história é implacável.

7:11 PM  

Postar um comentário

<< Home