quarta-feira, 19 de março de 2008

Franquias: um ramo da administração?


Eu não sou nenhum especialista em franquias e nunca fui muito simpático a esse sistema. Sempre me pareceu mais vantajoso ser franqueador do que franqueado e mesmo assim teria medo de ser franqueador. Em 2001 um grande amigo me contou que transformaria sua lanchonete em franquia, acabaria vendendo o modelo do seu negócio, que era um sucesso em Maceió, para o resto do Brasil. Logo veio um convite para que eu e outro amigo nos uníssemos a ele para buscarmos investidores e estruturarmos a franquia. Compramos livros, estudamos, consultamos especialistas e chegamos a conclusão de que era um trabalho dificílimo e não tínhamos fôlego financeiro para tal, concluo que dessa experiência vem meu receio com o "mundo do franchising".
Entre 2006 e 2007 os números para o setor de franquias contaram um crescimento de 16% no faturamento, 18% no número de redes e 5% no número de unidades (segundo a ABF – Associação Brasileira de Franchising), deixando claro um bom crescimento para os franqueadores e não tão bom para os franqueados, vendo a evolução do faturamento do setor e da estruturação de redes em forma de franquias e um crescimento mais de 10% menor das unidades de negócio abertas. Demonstra que virar franquia, apesar de caro e difícil ainda parece bom negócio, mas expandir organicamente é um "buraco mais embaixo".
Acredito que a administração de franquias demonstra mais uma face da nova economia brasileira que cada vez mais se especifica e se torna global, onde as áreas da administração ficam cada vez mais finas, no sentido de sintonia, de especificidade de conhecimento. Vemos as grandes franquias internacionais Starbucks e Outback sendo comercializadas no Brasil com empresários que já demonstraram sua habilidade em administrar alguma coisa, ou até mesmo alguma rede ou sistema de franchising em si. Franquias nacionais ou internacionais de menor porte, porém não menos lucrativas como O Boticário e 5àSec seguem a mesma lógica, são concedidas pelos proprietários a quem já demonstrou sucesso empresarial. Mesmo sem participar do processo podemos perceber a relação direta com uma análise criteriosa de risco que envolve diversos aspectos na concessão ou não de uma franquia. Outro importante aspecto me parece ser a análise do franqueado que decide por essa ou aquela rede. Há alguns meses comendo um doce em uma loja de uma rede de docerias me questionei: "Qual seria o diferencial do brigadeiro daqui comparado ao brigadeiro da padaria da esquina?", arriscaríamos no serviço "em torno do brigadeiro". Correto, concordo. Mas me questiono sobre quanto as amarras dos parâmetros da uma franquia podem trava-la na competição do ganho em escala de um concorrente local, que além disso muda e inova com mais velocidade, atende com mais subjetividade e em uma análise fria e simplista, está tratando um brigadeiro como ele realmente é, um simples docinho.

Foto: Linda Nylind/The Guardian (www.guardian.co.uk)

4 Comments:

Blogger Fabio said...

Meu caro Diego,

Quanto tempo heim?! Saudades das nossas saidas. Quando eh q vc aparece aqui em Brasilia? (meu teclado esta sem assentos) Da um pulinho aqui cara!
Bom, com relacao as franquias eu discordo um pouco do seu ponto de vista. Definitivamente eu nao abriria uma franquia no Shopping de Maceio. Mas em outras cidades com renda per capta mais elevada e economia e comercio aquecidos eu acho que eh sim um bom negocio. Eu mesmo estou estudando com a Julia algumas lojas. Estamos indo para Sao Paulo visitar algumas pessoas. Brasilia tem uma das maiores (senao a maior) renda per capta do Pais. O comercio borbulha por aqui. Sao quatro grandes shoppings. O maior deles esta fazendo uma reforma enorme e inaugurando uma ala "Fashion Internacional" como eles mesmos intitulam. Alem disso, a rede Iguatemi esta construindo um Shopping que (dizem eles) sera o mais sofisticado do DF. Ou seja, franquias, franquias e mais franquias... Isso sem se falar nos comercios locais que existem em todas as quadras do Plano Piloto e do Sudoeste. Com certeza a situacao nao eh muito diferente em cidades como Sao Paulo, Rio de Janeiro e ai mesmo em Curitiba. Nao tenho duvidas de que o negocio eh melhor para o franqueador do que para o franqueado. Mas nem de longe creio que seja um mal negocio para o franqueado.

Grande Abraco!

7:51 AM  
Blogger D. said...

Este comentário foi removido pelo autor.

2:03 PM  
Blogger D. said...

Grande Fabio,
Muito tempo mesmo, bicho. Apareço por aí assim que puder. Esses dias tive aí, mas fiquei 2, 3 horas e fui embora. Aproveitei e dei uma volta de táxi na cidade pra conhecer. Gostei bastante! E saudade também daquela época do IPLAN, cara, de verdade!

Em relação ao texto eu acredito no modelo de franquias, senão não existiria há tanto tempo, e concordo com seu ponto de vista, mas o que eu quis dizer é que administrar uma franquia, como franqueado ou franqueador, não é para qualquer um, e isso nos provam os exemplos de sucesso e insucesso e os números do setor. O modelo de franquia é o que move o varejo/comércio nos EUA e em grande parte na Europa, mas não se pode esquecer que o modelo e a estrutura de consumo deles é muito avançado comparado com o nosso, dessa forma acredito que a administração de franquias deve se profissionalizar no Brasil junto com a consolidação da economia e de um modelo sólido de consumo, que deve acontecer de forma gradativa nos próximos 5 a 10 anos, nos levando a participar do grupo de países desenvolvidos.

Abração e boa sorte na busca.

PS: Me avise da inauguração da loja, não quero perder.

2:10 PM  
Blogger Fabio said...

Não acredito que você veio a Brasília e não me ligou seu Vi@gfkh!!!!!! Eu teria feito QUESTÃO de apresentar a cidade à vc! Pô velho! Perdemos 2 horas de um bom papo! Por favor, trate de faezr outra escala aqui em Brasília e da próxima vez me ligue. Mesmo que você fique só 30 min. e não saia do aeroporto!

Grande Abraço!

5:05 PM  

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