O futebol sorte

Fui massacrado. Tenho um conhecido torcedor do Coritiba, fanático. Aliás, apaixonado, porque fanáticos são os atleticanos, mas não vêm ao caso. Perguntei se ele tinha esperança de ver o Coritiba campeão brasileiro algum ano, claro que ele tem, mas eu respondi: "Nunca". Pois é, e isso serve para ele e para todos os torcedores de outros times que foram colocados em quarentena nessa bagunça que virou o futebol nacional.

O São Paulo Futebol Clube levou o jogo final de 2008 para Brasília, para que o Goiás não jogasse em Goiás. Cobrou duzentos reais pelo ingresso mais barato. A justificativa é que o estádio em Goiânia não tinha estrutura para uma final do Campeonato Brasileiro, grande campeonato, by the way. O estádio brasiliense não tinha água, banheiros suficientes e o pior, a polícia local feriu e matou um torcedor são-paulino. Um prato cheio para os que amam conspirações, pois essa morte provavelmente servirá de pretexto para a capital federal não sediar jogos na Copa de 2014.

O fim da história todo mundo já sabe, o juiz mudou, o gol da vitória foi contra as regras e et cetera. Falcatruas não são exclusividade do São Paulo, mas essa mostra como elas têm se tornado cada vez mais complexas, descaradas e freqüentes. Por isso temos o futebol mais bonito, o mais bem jogado, o que mais produz craques, mas ao mesmo tempo um dos piores do mundo. Isso acaba por impactar de uma forma drástica, pois o futebol se distancia de esporte e vira uma jogatina em prol de uma ou outra pessoa. Financeiramente falando. Por essa e por outras que futebol tem me servido para beber e xingar a mãe do juiz quando vou ao estádio, anti-estresse.

Aí o coxa-branca me perguntou sarcasticamente: "Mas e o Brasil não é o único país que esteve em todas as Copas? Hein? Hein?!". Sim, por sorte a geografia nos colocou na América do Sul a disputar vagas com potências da bola do porte de Equador e Perú, e sorte é virtude.

Luiz Inácio disse que os que torcem pela crise são imbecis.
Ninguém torce pela crise.
Logo, ninguém é imbecil.