segunda-feira, 28 de abril de 2008

Floricultura de 26 de abril de 2008

Surpreso fiquei e assim me mantive
Ao descobrir que a floricultura
É mais secreta que o detetive

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Yes! Nós temos banana, água e petróleo

Esta semana estive em Maceió com um amigo que participa de um movimento local pela busca da recuperação da identidade pública alagoana. Me dizia veemente que acredita no estado. Assim como ele outro amigo acaba de abrir uma agência de publicidade que trabalha com conceitos novos na propaganda, em sua forma de vender, criar e melhor, cobrar menos do cliente entregando mais resultados.
Há quem não aposte no Brasil, e destes a maioria são brasileiros. Não sou simpático ao Lula nem mesmo à postura do governo e oposição atuais, acontece que a economia mostra que a trinca FHC-Lula-Brasil deu certo e vai caminhar de forma positiva nos próximos dez ou vinte anos, podendo levar, com baixíssimas chances de fracasso, o Brasil ao grupo dos países desenvolvidos. Os desafios são muitos, claro, mas o crescimento do fluxo de capital no país impulsiona e gera uma série de consequências. Tenho plena convicção em meu otimismo e vejo que reformas acontecerão por pressão dos meios produtivos e demais agentes econômicos, até mesmo com um certo protecionismo, que caracteriza alguns períodos da história dos Estados Unidos e da Inglaterra, por exemplo.
Cresce demanda, cresce produção, cresce renda, crescem investimentos de origens interna e externa. Um vídeo da UKTI (United Kingdom Trade & Investment) mostra que São Paulo é hoje uma "ilha" com o PIB maior que o Kwait e o Egito. E até parece ufanismo, mas vêm de fora a atenção e a credibilidade crescentes no país apesar dos pesares. Inevitavelmente será levando quem entrar no barco que se darão as grande modificações na economia brasileira e isso em conjunto com a entrada cada vez mais intensa de capital, ocasionada pelo já citado bom momento e por fatores externos, que passam a representar oportunidades locais, como a presente desaceleração da economia americana.
O crescimento dos BRICs e a abundância de recursos naturais do Brasil nos obriga a redefinir as políticas sociais, como escrevi antes, forçará reformas para a criação de competitividade fronte a oportunidades e ambiente para um desenvolvimento perene.
Tenho me dedicado a analisar e escrever sobre a crescente exploração da imprensa sobre os BRICs. Em todas as matérias, artigos, notícias e fóruns desde The Economist passando pela Folha de S. Paulo, Exame, Veja, Caros Amigos e até Wall Street Journal e The Guardian, ou seja, revistas, jornais e sites especializados ou não em economia e negócios, não existiu um caso sequer que não apostasse no Brasil, em um ou outro, se discutia sobre as drásticas mudanças que deveriam acontecer junto ao desenvolvimento para que esse seja completo e beneficie o país da melhor forma possível.
O desfecho disso é líquido e certo como um título de renda fixa vitalício.
Foto: Monges budistas assistem um documentário sobre o Dalai Lama no jardim do Monastério de Kopan. Emilio Morenatti /AP

terça-feira, 8 de abril de 2008

Sobre o turismo e a nobreza

Em julho do ano passado o escritor Will Self quando questionado sobre sua preferência entre estar naquele momento em Londres, ameaçada pelo terrorismo, ou em Paraty, durante a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), disse: "Em Paraty. Mas este lugar, vocês sabem, não é real. Como todo lugar que é dominado pelo turismo, isto aqui é inventado, é algo criado para os que vêm de fora".
Antes que alguém me encha a paciência falando isso ou aquilo ou me chame de pessimista ou qualquer coisa do gênero, não tenho os números do setor do turismo de 2007, até poderia buscar, mas não é o métier desta análise.
Dom João de Orléans e Bragança possui um casarão sensacional em Paraty, herança de sua nobreza. As portas são contornadas de verde bragança e é a única casa em meio de terreno. Segundo D. João, a inexistência de um fácil acesso à cidade durante muito tempo salvou tudo por lá. Hoje, paradoxalmente, assim na frase de baixo, ele afirma que investe em comprar e vender terrenos com vistas ao turismo. Detalhe nobre, o casarão é o único do antigo casario que dá de frente ao mar, todos os outros estão para a rua do comércio. Seria Will Self um defensor do atraso então? Estaria nessa frase de Self todo o seu pensamento burguês, mas da primeira burguesia, que decepava nobres há duzentos ou trezentos anos e construía casas para a rua do comércio?
Todos olhavam para o comércio, assim como ainda olham os europeus, os urbanistas latino-americanos que falam mal dos shopping centers, e isso deixa a Europa lindíssima como é hoje. Mas como todo comércio, tem começo, meio e fim. Um dia morre, por isso ou aquilo, mas está teorizado, morre.
Desde que a burguesia e a nobreza nasceram do nada ou de "quando um homem resolveu cercar um pedaço de terra e disse que essa é minha", existe essa busca da humanidade por respostas em nossas existências complexas. Hoje nos jubilamos com o turismo em ascenção: "Mas com consciência ecológica", me diria o secretário de turismo de algum lugar. Estará no turismo muitas das respostas que procuramos? No turismo?! Enfim, depois de tudo, como deve ser bom ser de família real.

domingo, 6 de abril de 2008

O meu livro de matemática da 8ª série


Tive um professor de uma matéria chamada metódos quantitativos que falava com toda a convicção que 99% dos problemas de um empresário podem ser resolvidos através de cálculos lineares e mais, com expressões do primeiro grau. Acredito nele. Através de um amigo tive contato com um problema de um varejista que demonstrava graves problemas na área financeira, tudo causado por uma administração ruim de suas compras. Resumindo, itens de grande representatividade encalhados consumiam os recursos, a liquidez ia para o beleléu. Um gráfico ABC bem composto ilustraria os problemas mais cabeludos do estoque desse caso. Simplismo?

Gosto muitíssimo de cinema, mas sempre fui um adorador da crítica, o papel da crítica é reconstruir de uma forma provocante o pensamento. Amigo meu e ex-professor, Toni, me contou esta semana que deu uma aula propondo uma constante crítica aos modelos dos gurús da administração, e como inventou a Harvard Business School, o método de estudo de caso, sim essa é uma forma de análise que não dá sono. O que acontece de errado em muitos casos é uma generalização de soluções e todo mundo tá careca de saber que o que serve hoje pode não servir amanhã, o que serve aqui pode não servir lá e por aí vai. O grande lance das soluções baseadas em modelos e do que pregam meus ex-professores é que muitos dos problemas têm fundamentos muito mais simples do que parecem se a análise for feita com um olhar no resultado das falhas a serem reparadas e não com base em casos de sucesso sendo copiados literalmente, aí mora o perigo da caixinha mágica que sempre ficaremos tentados a comprar de consultorias por mais cara que seja. A realidade é que mesmo sendo provocado a viver face-to-face com o mercado e duvidar das teorias básicas de administração e de simples modelos matemáticos, se tende a enxergar nos gurús e seus estudos de caso uma nova forma da teoria ligada fortemente à prática, mas o vazio causado pelo exemplo distante ou pela generalização aumenta a chance de se destruir a solução. Entre o livro do gurú e um livro de matemática da 8ª série, sempre vai dar mais sono, mas o da 8ª série parece ter um abismo de oportunidades de geração de soluções muito mais paupáveis.

Foto: Artista do 'Teatro de Fogo' de Belarus treina manobra em Minsk - Vladimir Nikolsky/Reuters

quinta-feira, 3 de abril de 2008

O refinamento do feminismo brasileiro

O Fundo Federal em Defesa dos Direitos da Mulher deve receber R$ 500 mil da equipe do Furacão 2000, sim aqueles do "Furacão 2000, o melhor do Brasil". Os funkeiros contraíram a dívida depois da condenação pela letra do funk que dizia "um tapinha não dói", e agora?

Bom, agora eu diria que ficam proibidos os tapas. A sentença me lembrou dos juízes do "futebol é coisa para macho", ou do "mulheres inferiores e submissas" e as compara com Eva, do Adão, na discussão da Lei Maria da Penha. Ele afirma que o tapinha "causa dor física na vítima, além do abalo psíquico decorrente da humilhação que o gesto em si constitui". Isso centra qualquer discussão numa lacuna absurda, primeiro que discutir letra de música já é uma coisa completamente escalafobética e segundo que o Fundo em Defesa dos Direitos da Mulher não deve ter muito com o que se preocupar, pois perder tempo com a letra do funk do Furacão 2000 é dose.

Quem deve tá morrendo de medo agora é a Tati Quebra Barraco, vão censurar a Quebra Barraco! Imagine as manchetes "Tati Quebra Barraco pede desculpa pela letra de seu funk que falava do fogão Dako", aí o juíz diz "porque Dako é marca de fogão, fere a propriedade da marca e ela diz que Dako é bom, mas eu julgo que Dako é ruim". E o cara do "créu"? O "tapinha" levou sete anos para ser condenado, o "créu" que aguarde alguma dessas organizações-não-governamentais-pelos-direitos-de-alguma-coisa pois o dia dele vai chegar.

E o bom andamento da Justiça agradece um processo tão importante para a sociedade como esse. Não sei se o "tapinha" dói ou não dói, mas R$ 500 mil dói, esse eu tenho certeza que dói demais.