domingo, 18 de maio de 2008

Ode ao trabalho

De um jeito inconsciente e inspirado nos que me são exemplo percebi que o trabalho salva, salva o homem de suas incapacidades, em todos os sentidos de como um homem pode ser incapaz. No meu primeiro emprego aprendi que o trabalho tem em todos os seus milésimos de segundo poesia maior que a boemia, basta viver como se aquele dia fosse a penúltima página do melhor livro que já se leu e depois lembrar como o melhor final de tarde na praia. Pode haver, e deve, gana.
Acho uma cretinice o amor sem fim ao trabalho, dou exclusividade para minha matogrossense de pernas compridas. O trabalho por mais lúdico e íntimo que seja tem seu momento de nojo. As conquistas através dele, a forma como ele salva, a intensidade e curiosidade com que se viveu e o sabor que existe em sua lembrança fazem do trabalhador um vivente, um Van Gogh antes de cortar a própria orelha.
Foto: Fotógrafos se aglomeram na entrada para a premiére de "Blindness" no festival de Cannes 2008 - Valery Hache/AFP.