quinta-feira, 27 de março de 2008

Mil ao Contrário - 3 anos

No dia do aniversário de 3 anos do Mil ao Contrário, HOJE, coloco no ar o blogue Braz(s)il Around the World, que nasce da idéia da minha busca de notícias, discussões e impressões sobre o Brasil em jornais, revistas, blogues e sites de todo o mundo. Como escreveu meu amigo Kasper um dia, "a imparcialidade deixo com a imprensa", e eu não sou jornalista. Abraços a todos e espero que gostem.

Foto: minha, tirada em frente ao Palácio da Alvorada, Brasília, setembro de 2007

quarta-feira, 19 de março de 2008

Franquias: um ramo da administração?


Eu não sou nenhum especialista em franquias e nunca fui muito simpático a esse sistema. Sempre me pareceu mais vantajoso ser franqueador do que franqueado e mesmo assim teria medo de ser franqueador. Em 2001 um grande amigo me contou que transformaria sua lanchonete em franquia, acabaria vendendo o modelo do seu negócio, que era um sucesso em Maceió, para o resto do Brasil. Logo veio um convite para que eu e outro amigo nos uníssemos a ele para buscarmos investidores e estruturarmos a franquia. Compramos livros, estudamos, consultamos especialistas e chegamos a conclusão de que era um trabalho dificílimo e não tínhamos fôlego financeiro para tal, concluo que dessa experiência vem meu receio com o "mundo do franchising".
Entre 2006 e 2007 os números para o setor de franquias contaram um crescimento de 16% no faturamento, 18% no número de redes e 5% no número de unidades (segundo a ABF – Associação Brasileira de Franchising), deixando claro um bom crescimento para os franqueadores e não tão bom para os franqueados, vendo a evolução do faturamento do setor e da estruturação de redes em forma de franquias e um crescimento mais de 10% menor das unidades de negócio abertas. Demonstra que virar franquia, apesar de caro e difícil ainda parece bom negócio, mas expandir organicamente é um "buraco mais embaixo".
Acredito que a administração de franquias demonstra mais uma face da nova economia brasileira que cada vez mais se especifica e se torna global, onde as áreas da administração ficam cada vez mais finas, no sentido de sintonia, de especificidade de conhecimento. Vemos as grandes franquias internacionais Starbucks e Outback sendo comercializadas no Brasil com empresários que já demonstraram sua habilidade em administrar alguma coisa, ou até mesmo alguma rede ou sistema de franchising em si. Franquias nacionais ou internacionais de menor porte, porém não menos lucrativas como O Boticário e 5àSec seguem a mesma lógica, são concedidas pelos proprietários a quem já demonstrou sucesso empresarial. Mesmo sem participar do processo podemos perceber a relação direta com uma análise criteriosa de risco que envolve diversos aspectos na concessão ou não de uma franquia. Outro importante aspecto me parece ser a análise do franqueado que decide por essa ou aquela rede. Há alguns meses comendo um doce em uma loja de uma rede de docerias me questionei: "Qual seria o diferencial do brigadeiro daqui comparado ao brigadeiro da padaria da esquina?", arriscaríamos no serviço "em torno do brigadeiro". Correto, concordo. Mas me questiono sobre quanto as amarras dos parâmetros da uma franquia podem trava-la na competição do ganho em escala de um concorrente local, que além disso muda e inova com mais velocidade, atende com mais subjetividade e em uma análise fria e simplista, está tratando um brigadeiro como ele realmente é, um simples docinho.

Foto: Linda Nylind/The Guardian (www.guardian.co.uk)

sexta-feira, 14 de março de 2008

O Brasil vai ganhar o grau de investimento. Mas e daí?

O jornal britânico "The Guardian" publicou hoje um suplemento sobre o Brasil. Mais, sobre a estabilidade atual e o promissor futuro da economia brasileira. Esse é mais um grande sinal de que existe grande chance de ser atingido o grau de investimento (investment grade) até o fim de 2008 por aqui. Mas e as empresas brasileiras? Nossas organizações estão dispostas e prontas para essa desconhecida realidade? Parece assustador, mas não é.
Resumidamente, grau de investimento é a nota dada a um país por agências internacionais como Standard & Poor’s e Moody’s classificando o mesmo como capaz de pagar suas dívidas interna e externa. A maior vantagem de obter essa nota é que o país se torna capaz de captar empréstimos e financiamentos externos de forma mais barata, ou seja, com juros menores e melhores condições de pagamento. Esses recursos obtidos no exterior aumentam o fluxo de capital significativamente, impulsionando investimentos diretos e aquecendo o consumo. Investidores internacionais, incentivados pela classificação, buscam boas oportunidades e dessa forma são aumentadas as chances de se obter investimentos externos.
O crescimento dos IPO’s no Brasil e o aumento das fusões e aquisições nos últimos dois anos são exemplos claros do crescimento da economia brasileira e da onda de internacionalização que seguem as empresas brasileiras. O que as organizações locais começam a vislumbrar é a necessidade de estarem enquadradas dentro do contexto econômico atual, conectadas às exigências de mercado, em todas os aspectos de uma empresa. Muito se discute desde a criação da lei Sarbanes-Oxley em 2002, que nasceu a partir dos escândalos corporativos envolvendo grandes conglomerados e empresas de serviços profissionais, levando os padrões de governança corporativa a serem revisitados e questionados. Tá, mas e daí? O que eu tenho a ver com isso?
As discussões de grau de investimento, investimentos externos e governança corporativa parecem estar muito distantes de nossa realidade como profissionais, mas o efeito que esses fatores podem causar em nossa economia transformará nossas atividades econômicas e consequentemente empresariais. Venho percebendo que nos últimos anos quando a empresa em que eu trabalhava procurava profissionais nas áreas de compliance com Sarbanes-Oxley, consultores de governança corporativa e análise de riscos (risk management) tanto o contratante quanto o potencial contratado buscavam entender assuntos de algum tipo de conhecimento que parecia muito distante e mais complexo do que os que possuíam em suas experiências profissionais, e nós funcionários éramos forçados pela realidade de mercado e necessidades de nossos clientes a termos contato e estudarmos assuntos muito novos com pouquíssimas coisas publicadas sobre o assunto, muitas vezes somente a legislação ainda não aplicada na prática. Isso demonstra claramente como o efeito dessa nova face da economia em que o fluxo de capital toma alta velocidade pode nos ser desconhecido e exige dos administradores, economistas, gerentes, diretores, enfim, os profissionais envolvidos diretamente com as organizações que entendam e discutam as novas formas de trabalho e gerenciamento de suas empresas em níveis estratégico, tático e operacional. Só nos resta entender para acessarmos as oportunidades de trabalho que surgirão no mercado, pois com a influência desses investidores estrangeiros e seus recursos aplicados em grandes agentes transformadores da economia local como infra-estrutura, por exemplo, faz com que o conhecimento necessário a ser aplicado nas empresas tende a ser muito parecido entre o utilizado em um resort em Maragogi e um banco em Nova Iorque.
Foto: EPA/The Guardian (www.guardian.co.uk)

sábado, 1 de março de 2008

Diplomacia e bons tratos

Não importa o lugar, como as pessoas me trataram foi o que me fez querer voltar para lá. É a única explicação para eu sentir tanta saudade de Ituporanga e lembrar com tanto carinho de Pantâno Grande. Acho que isso pode ser extrapolado ao universo político e dos interesses, quando Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã, marcou sua visita de final de semana à Bagdá. Diplomacia tem a ver com tratar bem, que simplismo! Ahmadinejad tem preocupações eleitoreiras, senão não moveria sua turma de Terã para ir ao caos iraquiano que é Bagdá. Há quem conteste, pois a diplomacia enobrece e me faz pensar em como bons vizinhos podem trazer benefícios ao mundo em volta, no caso, o Oriente Médio, complicado. Concluo então que não importa o lugar e nem como as pessoas me trataram me faz voltar, só eu mesmo me faço querer voltar, provará Terã e sua corja na longa demora de seu retorno à margem dos rios Tigre e Eufrates, onde eu não passaria as minhas férias.
Foto: Mahmoud Ahmadinejad, AFP, Economist.com, 01/03/2008