quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Breve reflexão sobre o conceito de modelos matemáticos


A matemática, assim como a filosofia, explora a realidade, tida por complexa, e teoriza a mesma através da formação de modelos. Utiliza método para explorar e identificar e apoiar-se em variáveis para assim simplificar o entendimento de aspectos da realidade.

Simplifica para levar ao entendimento e conhecimento. Os modelos matemáticos são representações do mundo em forma simplificada, ou seja, não é a realidade tal e qual é encontrada. Entendemos assim que esses modelos se sofisticam com o desenvolvimento do conhecimento baseado nessa esfera na passagem do tempo, ou seja, segue lógica linear, comprovando na prática que se distancia da realidade, pois essa não é linear.

Explorar toda a realidade sem a utilização de modelos torna seu entendimento praticamente impossível, pois o desenvolvimento humano não contempla os aspectos do universo em sua totalidade e complexidade. Seria como fazer um leigo musicalmente escutar a perfeita execução de acordes dissonantes de um guitarrista da década de sessenta e fazer com que o mesmo o aprecie instantaneamente, a formação do prazer da música se dá muito mais através de sucessivas experiências sociais relacionadas a ela do que simplesmente pela percepção da técnica impressa no tocar de um instrumento musical. A música é baseada em modelos matemáticos.

Esses modelos são base do entendimento e a formação do conhecimento de modo que trazem ao homem a possibilidade de análise da realidade de uma forma simplificada e compatível com suas faculdades mentais. Modelos propiciam a compreensão e descrição da realidade de forma a integrarem seus aspectos múltiplos e diversos, que tomam espaço, tempo, energia e recursos em representações de diversos tipos. São eles: 1) Icônicos – exemplos: desenhos, mapas, fotografias e maquetes; 2) Analógicos – exemplos: tabelas e gráficos; e 3) Simbólicos – exemplos: relações matemáticas (equações e inequações). Dessa forma compreende-se que a utilização de modelos matemáticos possibilita ao homem transcender seu espaço, seu tempo, a energia e os recursos disponíveis para entender aspectos da realidade que interessem por algum motivo, seja ele de necessidade ou mera disposição curiosa. Gerando formas diversas de analisar e captar todas as variações dos aspectos analisados, pois pela complexidade da realidade e consequentemente de seus aspectos, quaisquer acontecimentos, sejam eles padrões ou não-padrões possuem causa e efeito em todas as esferas da realidade, independente dessas esferas estarem contidas ou conterem os aspectos escolhidos para análise de variações e construção de modelos correspondentes.

Cabe citar que o alemão Albert Einstein criou e desenvolveu suas teorias, incluindo a teoria da relatividade, sem a utilização de laboratórios, ou seja, transcendeu tempo e espaço para construir um modelo que explica e esmiúça aspectos da realidade, neste caso aspectos complexos de uma realidade, como já citado exaustivamente neste texto, complexa. A fórmula de Einstein, E = m . C², onde Energia é igual à massa vezes a velocidade da luz ao quadrado, cita (dentre outras utilizações para a equação) que toda massa pode ser convertida em energia e vice-versa. Em sua mais simples aplicação poderíamos dizer que Einstein afirma que toda a massa existente sem energia já teve, tem ou terá energia correspondente e que toda energia existente sem massa já teve, tem ou terá massa correspondente. A primeira afirmação é mais simples e aceitável a nossa faculdade mental, pois é facilmente exemplificada pela teoria gravitacional do inglês Isaac Newton, observada por ele e comprovada por todos, onde toda massa sofre sob si a força da gravidade que contém em si uma forma de energia. Já a segunda afirmação parece tocar causas e efeitos que não possuem comprovações científicas, onde uma forma de energia sem massa já teve, tem ou terá massa correspondente, sem uma comprovação inteligível, porém esmiuçada de forma clara pela fórmula de Einstein, na qual é simples entender que se aplicarmos à fórmula dados numéricos exatos, que também são modelos matemáticos, comprovaria tanto o que já conhecemos como verdade quanto o que parece tocar o místico e o impossível a ser entendido e aceito pela falta de faculdade necessária defronte a complexidade da realidade, neste caso que energia necessariamente assumirá massa em sua constituição, além do fato de a velocidade da luz transcender o tempo e o espaço, assim como o que a própria matemática propicia, criando um círculo de entendimento de que os modelos são formas úteis para a análise do universo, que derivam do mesmo, onde a realidade se constitui e é constituída por todos os elementos.

Foto: Mike Segar/Reuters - Eclipse lunar visto de Nyack, NY, EUA nos primeiros minutos de hoje.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Os advogados e línguas estrangeiras

Não acredito na separação entre o homem que trabalha e o homem que vive, o homem que vive é o que trabalha e vice-versa.

Há quem diga que advogado tem que falar inglês, que não existe advogado se não souber inglês, há quem discorde. Eu concordo. Um amigo contou que uma colega formada em direito não vê a necessidade de o jurista conhecer ou dominar qualquer língua estrangeira. Há uns anos nos Estados Unidos conheci uma família pernambucana na qual a matriarca, destacadamente matriarca, era muitíssimo elegante, simpática e falava um inglês fluente com leve sotaque britânico, perguntei da origem do sotaque: "Escola britânica do Crato". Era juíza a senhora. E não pode haver separação entre a juíza da vigésima terceira vara do Recife e a turista que fazia os pedidos na lanchonete em que eu atendia com a desenvoltura de uma nativa da língua inglesa.
Tenho parente advogado, e dos bons, bom mesmo, desses que tratam com empresários e advogados internacionais, um homem de muita classe e ao que me consta fala inglês, alemão, espanhol e o português, é claro. Sempre me deparo com os exemplos dos outros, e deles são feitos os meus exemplos, percebo que nada vale a opinião sobre um assunto qualquer quando se essa parece mais um pensamento vago, enfim essa é só mais uma opinião. Até acho que faz bem falar inglês.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

O brasão de armas de Curitiba

Ontem ao ver o brasão de Curitiba em uma placa de obra da prefeitura percebi um traço do que não existe mais. A cidade fundada no século dezessete tem um brasão de armas normal com a simbologia das culturas agrícolas predominantes à época e algo típico, no caso hastes de trigo e um ramo de pâmpanos (pâmpano - s.m. Haste da videira coberta de folhas e de frutos.), ambos ao natural, e ao centro uma Araucaria angustifolia, ou Araucária, ou pinheiro-do-paraná. O que me deixou maravilhado foi que logo abaixo das faixas que mostram o nome "CURITIBA" ao centro e a data da fundação dividida em dia e mês de um lado e ano do outro aparece um pedaço do ramo de pâmpanos, sim, uvas sobram e invadem o brasão em abundância, parecem estar onde não poderiam.

O design de logomarcas tem sido chato com letras retas, iniciais minúsculas, cores quentes de um lado, cores frias do outro, não se vêem mais marcas como a do Prêmio Colunistas, tudo é reto, seco, com fim, simples de ser desenhado, copiado, imitado, reproduzido, 'muito mais prático' me diria um gerente de marketing, mas e a graça? Usemos Corel Draw e Photoshop então, esses copiam e colam tudo que o ser humano pode ver. As uvas que sobram no brasão de Curitiba lembram o tempo que não existia clipart e se gastava tempo discutindo detalhes, aqui de um símbolo, porque na vida essas coisas podem durar tempo, no caso do brasão de armas de Curitiba, são trezentos e quinze anos para trás, e mais para frente.