sábado, 22 de outubro de 2011

Lição de casa para o engenheiro civil

Alguns falam em bolha no setor de construção civil, mas não acredito pelo déficit habitacional, expansão da Indústria e demanda reprimida dos últimos vinte anos. O que acredito é que o mercado está extremamente aquecido, como escrevi antes aqui. E os profissionais, os executivos do segmento, estão prontos para surfar esta onda? Podemos dizer ao mercado “pode vir quente que estamos fervendo”? Há dúvidas.

A alta dos salários mostra que em cargos como engenheiro residente de obra a remuneração teve alta média de 40% nos últimos 12 meses. Vemos engenheiros civis recém-formados administrando empreendimentos gigantes, exigindo maiores salários e o mercado exigindo experiência para ter qualidade na entrega. Muitas vezes a conta não fecha. Assim como o disparate da mão de obra básica que cobra por metro quadrado, trabalha mais e ganha mais. Muito mais.

Profissionais como azulejistas ganhando mais que alguns executivos de média gerência provam que o Brasil está a caminho daquele cenário que vemos em países desenvolvidos, base da sociedade tendo acesso ao consumo e a benefícios antes somente das classes mais altas. Isso é bom para a economia, o que não é bom é que algumas empresas não aceitam a lei da oferta e da demanda, ou seja, precisa-se de gente mais qualificada, essas pessoas são escassas, as margens apertam, mas os faturamentos crescem e os salários tendem a subir também.

O que vemos acontecer são empresas tentando contratar profissionais com experiência inferior à necessária para pagar salários menores. O que agora traz reflexos até mesmo na bolsa de valores, com empresas tendo metas muito agressivas para manter seus investidores animados, mas não muito à vontade. Começam então a dar mais responsabilidade para profissionais medianos e acham que compensarão a lacuna de conhecimento com o salário mais alto. Engano.

Chamo a atenção aqui de que os profissionais, executivos do segmento precisam acompanhar a velocidade do seu setor. Vide o exemplo do mercado de tecnologia da informação, em que profissionais jovens investem em conhecimento e se expõem para acompanhar a demanda. As obras residenciais se multiplicam, o Governo lança programas de expansão industrial, ou seja, mais concreto, mais cimento e mais gente. A Fundação Getúlio Vargas apontou que o nível de emprego na construção civil cresceu 1,15% entre junho e julho deste ano, o tempo é implacável.

A lição de casa das empresas, construtoras, incorporadoras está clara, mas e a sua engenheiro? Está sendo lembrada?

Texto publicado na Imóvel Magazine de setembro de 2011: clique aqui para ler no site original