sábado, 30 de abril de 2005

É um negócio da China!

Ano passado, em outubro, estava estagiando em uma empresa que iniciava um projeto de exportação dos seus produtos. Eu fazia parte da equipe de prospecção de novos clientes internacionais. Nós íamos de reunião em reunião com comitivas e representantes de países interessados em negociar com o Brasil.
Até que um dia recebemos o convite vindo da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) para uma esperada reunião com empresários chineses. Os tão interessantes, promissores e "novidades" no mercado internacional. Lembro que o dono da empresa quando soube da reunião ficou entusiasmado e propôs a sua ida conosco ao encontro que seria com os membros de um órgão parecido com uma federação das indústrias da Província chinesa de Sichuan.
Chegamos cedo a FIEP, sentamos, estávamos ansiosos, quando chegaram todos. O vice-presidente da FIEP fez um discurso introdutório e apresentou os representantes chineses, a intérprete mandarim-português e todos nós, empresários e representantes de empresas brasileiras. Notei, estranhamente, que os chineses pareciam flutuar em uma piscina de água fria em um dia de inverno.
Uma apresentação sobre o Paraná foi feita por um membro da diretoria da FIEP e traduzida pela intérprete, que em certos momentos teve de recorrer à ajuda de um chinês sentado entre todos nós (naturalizado brasileiro e o dono de uma empresa que exporta, entre outras coisas, a Cachaça 51 para a China), logo depois uma apresentação sobre Sichuan foi feita por um rapaz de no máximo 25 anos, chamado "Robby", traduzida também pela intérprete.
Ao fim das apresentações, dos cortejos formais, vieram as perguntas aos empresários sobre o interesse em produtos vendidos e comprados, pelos presentes. A reunião logo virou uma feira. Ficou mais claro ainda para mim a sensação da flutuação dos chineses quando eu me senti flutuando também. Existia ali um empecilho incrível que travava a nossa relação, o idioma. "Robby" era o único entre os dezoito membros da comitiva de Sichuan que falava inglês, macarrônico, mas falava. Nós não tínhamos outra chance que não tentar falar através do rapaz ou pedir auxílio à intérprete, o que virou uma bagunça naquela disputa de atenção de mascates. O highlight da reunião foi um dos dezoito chineses que distribuía seu cartão de visita sem a versão em letras ocidentais.
Saí de lá sabendo algumas coisas: que a China pode e deve ser um mercado incrível; que aprender mandarim não é um apenas upgrade que vai nos deixar mais interessantes para negociar, não, falar mandarim é o único modo de fazer negócio com a potência que não sabe e pelo jeito não vai saber falar inglês; que mandarim é uma língua muito diferente de qualquer uma das que costumamos ter contato.
Um curso de mandarim? "Torre de marfim? Reserva três pra mim." Millôr Fernandes

Valor de mercado

Veja bem: de nada adianta ser uma invenção se não tiver valor de mercado para ser inovação, não vende. A mesma coisa é com o "ser bonzinho", de nada adianta não ser mau, o "anjo" tem que ter valor de mercado. Chama-se de Responsabilidade Social.

sexta-feira, 29 de abril de 2005

Filosofia no shopping

O professor Ronald Pires da Silva citou e pediu análise sobre quatro proposições divididas em tópicos. Segue a citação do professor em negrito e análise logo em seguida.
Os administradores de marketing analisam pressupostos fenomenológicos do comportamento humano, a saber:
  1. O ser humano é positivo, seu comportamento é razão;
  2. O ser humano é emotivo, é movido por afeto;
  3. O ser humano é dialético, é movido por oposições;
  4. O ser humano é complexo, é movido por determinações e indeterminações;


1) O ser humano é positivo, seu comportamento é razão.
O meu comportamento deveria estar mais ligado à razão, à real possibilidade de compra, à real necessidade.
É uma constante pensar que é mais racional “ir ao supermercado de barriga cheia”.
Comprar com a razão é uma árdua tarefa em meio ao enorme apelo consumista existente no mercado.

2) O ser humano é emotivo, é movido por afeto.
As empresas e suas campanhas publicitárias parecem já ter aprendido que a parte do comportamento humano que se preocupa com o afeto ao outro pode “mover montanhas”, por isso o apelo de mercado, muitas vezes, está ligado à motivação da emoção, levando o cliente à “comprar com o coração”.
Por isso, muitas vezes a compra é feita pela emoção, que parece me vender o momento, aquela experiência abstraída muito bem nos conceitos de produtos e quase perfeitamente traduzida nos serviços associados a esses produtos, ou por si só.

3) O ser humano é dialético, é movido por oposições.
Compro pela identificação da minha posição como agente econômico/social (consumidor) e não pela real possibilidade ou necessidade. A oposição entre marcas, empresas e agentes econômicos/sociais associados a perfis que traduzem minha personalidade e anseios como pessoa e, ou profissional.
Eu decido muitas vezes pela marca ou empresa que se opõe ao que julgo diferente de mim ou, na maior parte das vezes, o que busco ser, acho que sou.

4) O ser humano é complexo, é movido por determinações e indeterminações.
Este tópico reúne as complexas somas de variáveis do que o consumidor pode ser e como pode agir em relação ao mercado.
Determinado e indeterminado estão muito próximos e presentes sempre. Anulam-se.
Essas determinações são resultado da reação a ações no mercado através de marketing, situações efetivas de conjuntura econômica e determinações de seus nichos de mercado e classes sociais. Compramos de acordo com o que nos vendem (necessidade, vontade), com o que podemos comprar (poder aquisitivo) e com o que nos é convicto de nossos meios sociais.
As indeterminações são resultado da reação das ações no mercado que desregulam a ordem tomada como realidade através da análise do mercado (marketing), conjuntura econômica, comportamento dos nichos de mercado e classes sociais. Provam a necessidade da flexibilidade dos planos das empresas e o modo com o que consumidores podem simplesmente “desobedecer” as ordens do mercado em que se age.
Agimos e reagimos e não existe verdade em forma fixa e imutável de comportamento de consumidor. Não se trata apenas de opinião, preferência, emoção ou razão, mas de uma soma complexa e indefinida de causas e efeitos em indivíduos, grupos sociais, empresas, economias nacionais e nações.

O negócio é o seguinte, meus amigos: vamos comprar mais e encher as nossas casas de nada(s).

quarta-feira, 27 de abril de 2005

Fotos

Almoço dia 21/04 na casa do D. e do Edu.
Clica nelas para vê-las maiores:







terça-feira, 26 de abril de 2005

Propriedade privada

Hoje pela manhã estava no centro da cidade e precisava pagar a conta do mês da companhia de luz. No centro desta cidade é sempre um problema estacionar. Foi então que lembrei que dá para pagar conta nos caixas dos supermercados, e os supermercados costumam ter estacionamentos. Achei um na rua XV de Novembro e estacionei. Entrei na fila, esperei quinze minutos, paguei a conta em menos de quinze segundos, saí do supermercado, entrei no carro, e de repente fui abordado por uma mocinha com um rádio (desses que leões-de-chácara usam) na mão que me pediu para abrir o vidro e disse:
- O senhor não pode utilizar nosso estacionamento caso não faça compras.
- Eu sei, eu não fiz compras, mas vim pagar uma conta no caixa.
- Mesmo assim. Não é permitido.
Penso: a que ponto chegou essa noção de propriedade privada. Utilizei um serviço do supermercado e mesmo assim não tenho o direito de utilizar o estacionamento. Tudo bem, eu até acho que a mocinha não quis perder o esporro que já havia iniciado, com a cara de ânus que usa nessas horas, quando se tocou que havia falado besteira para o cara errado.
Mas isso não tem nada a ver com o marketing dos supermercados, ou o que se pretende fazer com eles (marketing e supermercados), tem mais a ver com pontos de conflito entre o que se tenta racionalizar com teorias econômicas e de mercado e as bases, origens do pensamento racional.
"O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, cercando um terreno, teve a idéia de dizer, este é meu, e encontrou pessoas bastante simples para acreditarem". ROUSSEAU*.
*ROUSSEAU, Jean-Jacques, Textos Filosóficos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.

segunda-feira, 25 de abril de 2005

Leitura de um prefácio

Com a leitura do prefácio de No bosque da noite de Djurna Barnes, escrito por T.S. Eliot, penso.
O monólogo pode significar, se não bem pensado, indiferença ao outrém, a algum receptor. O monólogo desafiante busca falar de si, de outrém para si, ou para um espectador, leitor que torna-se indiferente. Daí a chatice de monólogos mal feitos.
Trazer quem ouve para "perto", para "si" é tarefa quase impossível, mas realizável com o estudo da base e razão do envolvimento e influência do emissor do monólogo. Daí a estrutura do personagem formada pode ser explicada como necessária e parte integrante do corpo do texto, da obra, ou oculta, dependendo do interesse ou enfoque de quem escreve.
T.S Eliot sobre as pessoas:
"Chegamos a um conhecimento delas através do efeito que têm umas sobre as outras, e através do que dizem umas às outras sobre as outras". (Cito porque achei um pensamento incrível e simples).

quinta-feira, 21 de abril de 2005

Annie Hall, de Woody Allen

Esta é uma crítica resumida, pretenciosa e atrasada.
"Annie Hall" ("Noivo Neurótico, Noiva Nervosa") de Woody Allen, de 1977, é incrível. Não diz tudo porque não precisa. Trata o espectador com inteligência e respeito, convence do maniqueísmo alheio e ainda respeita o momento de dizer tudo sem dizer muito.

quarta-feira, 20 de abril de 2005

O piloto sumiu

O primeiro instante de pânico veio quando estávamos sentados naquelas poltronas, já sentíamos o chão tremer estranhamente, ouvíamos um barulho incomum vindo das turbinas e o comissário avisou que: o piloto havia sumido. Como no velho filme de comédia da década de oitenta.
Um amigo chorava. Outro rezava. A mocinha berrava de medo. Mas eu, como sempre engraçadinho, pensei comigo: Pior seria se o avião houvesse sumido. Imaginem, um piloto sem avião em pleno vôo!

Ensaios e Anseios Crípticos, Paulo Leminski

Do livro Ensaios e Anseios Crípticos do Paulo Leminski, esse autor curitibano que me foi apresentado quando vim morar aqui, tenho guardadas algumas transcrições imperdíveis.

“A etimologia é o modelo de uma verdadeira ciência da literatura. E o plágio, o mais importante dos recursos literários”.

“Literatura é uma das coisas mais frágeis deste planeta. Por isso, nas bibliotecas, existe sempre, uma placa, exigindo: SILÊNCIO, como nos hospitais”.

“9 - Música, maestro”.

“Assim como romance de um escritor soviético retratando programaticamente a vida dos lenhadores do Cáucaso e mero artesanato medieval, uma arte “de esquerda”, que venda, é um absurdo, um contra-senso, uma mula sem cabeça. Chame-se Picasso, chame-se Garcia Márquez”.

“Ao se deixar transformar em mercadoria, a obra de arte burguesa referenda e coonesta, concretamente, o mundo mercadoria”.

“Não são os conteúdos que importam: são os modos, os processos, as formas que são sociais. E políticas, portanto”.

LEMINSKI, Paulo, Ensaios e Anseios Crípticos, 1997.

terça-feira, 19 de abril de 2005

Projeto de lei fantástica

Recebi de um amigo a notícia abaixo e minha opinião não deixou parada a crítica. Segue notícia e resposta:
Notícia
Pão e água mineral podem ficar isentos de impostos
A comercialização de pães e água mineral poderá ficar isenta de tributos federais se for aprovado o Projeto de Lei 4960/05, apresentado à Câmara pelo deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP). A proposta isentaria esses produtos do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); da Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep); e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins). A isenção prevista no projeto não se aplica, porém, a receitas e lucros de operações de industrialização e de exportação para o exterior, conforme a Agência Câmara. O autor lembra que o abastecimento de água é fundamental para a população, em razão dos riscos que sua ausência e seu fornecimento inadequado podem causar à saúde pública. Ele cita dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que indicam que aproximadamente 50 milhões de brasileiros não contavam com redes de distribuição de água potável em 2002. "Essa falta os obriga a adquiri-la por meios alternativos, como a compra de água mineral envasada por empresas privadas", explica. Sobre o pão, Mendes Thame afirma que é importante baixar os preços dos produtos alimentícios que são consumidos em grande quantidade pela população carente. "A medida estimulará o aumento da produção e do consumo dessas mercadorias, gerando mais empregos, mais renda e, indiretamente, mais tributos".
Tramitação
A proposta, que tramita em caráter conclusivo, está na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, onde aguardam parecer do relator, deputado Rubens Otoni (PT-GO). Depois, os projetos serão analisados pelas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Resposta por e-mail
Amigo,
recebi a notícia sobre a possível isenção de alguns impostos que recaem sobre o pão e a água mineral. Veja bem: a variação de preços da água mineral e do pão não deriva dos impostos no Brasil, tendo visto que a maior parte do pão comercializado nas periferias das capitais brasileiras é fabricado por padarias clandestinas, assim como todo outro tipo de varejo, indústria e serviços que sabemos, são um mercado paralelo aos regulados pelo Estado. Além do que o reajuste de preços acontece por meio das taxas de inflação projetadas pelo governo, órgãos como a FGV e variações cambiais, ou seja, a mudança na tributação terá um efeito momentâneo nesses produtos, mas não garante preços reduzidos no médio e longo prazos.
Sei que você está pensando que estou sendo chato demais. É que esse projeto de lei não passa de mais uma jogada para gerar credibilidade a um grupo político. Acho a carga tributária brasileira absurda, mas reduzir a carga não é o objetivo nesse caso.
O alcance da população aos recursos deve se dar através de políticas de desenvolvimento econômico e conseqüentemente distribuição de renda. A diminuição da pobreza é conseqüência do aumento das riquezas produzidas. As leis econômicas estão aí para quem quiser ler.
Abração, Godoy

segunda-feira, 18 de abril de 2005

Ela era quase negra, morena muito escura. As maçãs pareciam mais claras que o resto do rosto, o nariz por exemplo. Usava um boné rosa-choque e uma camiseta vermelha desbotada. As calças eram pretas de um tecido que quase brilhava, os tênis eram brancos levemente sujos daquele asfalto quente das onze horas da manhã. Entregava papéis a quem abrisse o vidro. Poucos abriam.

domingo, 17 de abril de 2005

Intensidade do "comer pinhão"

Em abril reaparecem os primeiros pinhões e já esqueci como "abrí-los", em agosto quando reaprendi, eles acabam, desaparecem de novo.

Links Putz

Começa hoje a série Links Putz.
O primeiro é Ariana Airlines, divirtam-se:
http://www.flyariana.com

sábado, 16 de abril de 2005

Suspiro de saudade

Hoje tá na moda fazer WAR, jogar nem tanto.

sexta-feira, 15 de abril de 2005

Ida de 15/04/2005

Sem sentido vai
Fica como ido
No sentido contrário da volta
Na partida igual ao início
No fim do dia escureceu
A noite deixou bem claro
O sentido dessa coisa toda
Foi fazer um ditado
Nunca mais ser falado
Então pensei em calar
Ficar calado para o sempre
Nunca mais falar
O que calei naquela agonia
Que um tempo antes já tinha
Virado amor.

quinta-feira, 14 de abril de 2005

Um disparate da falta do que fazer brasileiro

A comemoração da Inconfidência Mineira é um acaso do absurdo. Culturalmente apaixonados por feriados fomos concebidos. Mais um, chamado de Dia de Tiradentes. Tudo bem, merece misericórdia o traído alferes que quis nos (mesmo eu não sendo mineiro) livrar da estupidez portuguesa da época, mas daí a criar um feriado pelo insucesso do movimento revolucionário é um disparate da falta do que fazer brasileiro. Uma aula de História bem dada fornece o que precisamos saber sobre o que tentou tornar independente Minas Gerais da Metrópole. Bem dada, pois nem de barba nem de cabelos longos foi enforcado o inconfidente pelo Judas moderno, Joaquim Silvério dos Reis. A comemoração de um fracasso me deixa preocupado, a misericórdia acho aceitável. Vamos contar nos dedos quem falará em Tiradentes no próximo 21 de abril.

Um dia depois, 22 de abril, seria um feriado bacana, o dia do Descobrimento do Brasil. Um sucesso. O Brasil não é um "sucesso daqueles", mas o Pedro Álvares Cabral e a sua equipe fizeram o que tinha de fazer. Além do que, cairia numa sexta-feira este ano.
Inserção digital, massificação da Internet, Globalização efetiva, é isso aí.
PEPPER NO ORKUT DOS OUTROS É REFRESH.

quarta-feira, 13 de abril de 2005

Sem título de 12/04/2005.

Nunca penso em fazer algo realmente diferente dos outros.
Uma forma ou outra.
Sou ser intermitentemente escasso de vontades e ao mesmo tempo de solução.

terça-feira, 12 de abril de 2005

Um minuto de crítica

A educação formal, por muito tempo, seguiu um modelo que estava centrado em ensinar especificidades, conhecimento técnico gerado cientificamente sobre áreas de conhecimento específicas. A questão filósofica, "esquecida" desde a Revolução Industrial, não embasou mais as discussões de valores.

Temos então uma educação voltada a ensinar o mais do menos. Pode-se coloquialmente citar como exemplo a extrema preocupação, quase neurótica, com o ensino correto de dados como datas de acontecimentos históricos. Essa forma teve início no princípio do século XX, junto à já citada Revolução Industrial, e foi reforçada pela logo depois acontecida Primeira Guerra Mundial, seguindo até o fim dos anos 1980. Formou gerações de cientistas, especialistas que de uma forma ou de outra complementaram a especificidade dos estudos em suas áreas, gerando conhecimento balisador de áreas cada vez mais específicas de conhecimentos técnico e científico, alimentando a educação e o desenvolvimento humano.

A educação formal do século XXI começa, baseada na experiência de um novo modelo social, político e econômico de movimentação humana, a modificar-se para caminhar junto a evolução do conhecimento, que apesar de detentora de dados e informações incrivelmente sofisticados e específicos para a solução de problemas, dilemas e reveses humanos e da natureza, sofre com a falta de gente, lê-se peopleware, para acompanhar as consequências dessa formação infinita de possibilidades de novas realidades.

Moral da história: logo, logo, estaremos todos mortos e alguém terá de pensar tudo novamente.

segunda-feira, 11 de abril de 2005

Deixa eu mostrar a minha massa cinzenta

deixa eu mostrar a minha massa cinzenta: cachorro, chocolate, bunda, unha, tênis, cravo e gostosuras a mil por hora no brasil mais louco ferrado de tanto unir as partes distantes do nordeste holístico fidedígno de tanta porcaria que aparece no gugú liberato uniu a massa ralé do povão mais intelectual dos cientistas exóticos da face da terra e cuspiu um fenômeno terreno de mil e quatrocentas tonelada chamado:

sábado, 9 de abril de 2005

Um dia me perguntaram qual das ciências eu gosto menos. Achei a pergunta absurda, inútil e impossível de responder. Hoje eu penso e facilmente vem a resposta, a ciência que menos gosto, de todas, é esta.

Necessidade

Minha tia, que é professora de geografia:
Necessidade individual - Eu preciso.
Necessidade grupal - Nós precisamos.
Necessidade transcendental - Eu, tu, nós, vós, eles e elas não sabemos do que precisamos, mas mesmo assim precisamos. Disso e daquilo. Ainda que eu tente não precisar, amanhã eu acordo e preciso, quando consigo o que preciso, preciso de mais daquilo que consegui.

Meu amigo, que é poeta concreto:
Necessidade individual - Eu preciso.
Necessidade grupal - Nós preciso.
Necessidade transcendental - Deus preciso.

Meu primo, que é publicitário:
Necessidade individual - INTERNA/Supermercado - A mocinha diz: Eu? Mas é claro que preciso.
Necessidade grupal - INTERNA/Escritório - Um coro de engravatados canta: Nós precisaaamos, nós precisaaamos, nós precisaaamos!
Necessidade transcendental - EXTERNA/Jardim gramado - O rapaz fala: Eu preciso de alguma coisa, mas não sei o que.

sexta-feira, 8 de abril de 2005

Mãe, tirei dez!

Excluindo as de matemática, cheguei a conclusão de que em qualquer prova, teste ou exame, o dez, o cem ou o "A", a nota máxima sempre correspondeu ao que eu deveria pensar em relação àquele assunto. Na verdade, o que é verdade para mim não é verdade para ninguém. Aí você pode estar pensando "Que rapazinho revoltado". Eu sei que educação é assim mesmo, o saber intelectual exige quebra de paradigmas pessoais e blábláblá, mas vai além, vai até o ponto onde a minha pessoalidade como questionador desse saber não tem valor para duvidar que o institucionalizado não mais é verdade, ou não mais existe ou é criação de uma análise situacional incomum ao tempo que vivo agora. Cabresto. O saber é empregado onde? Bom, isso já é outra história.

quarta-feira, 6 de abril de 2005

Dizem as más línguas - e isso é invenção do César (lê-se Caesar) - que certa vez um judeu disse: Sobrinho é um filho sem custo agregado.

terça-feira, 5 de abril de 2005

KARISMA

Assistindo a toda essa movimentação pela morte do papa, com tantas retrospectivas dos anos de pontificado relembro: o fim do século passado foi marcado por chefes de Estado incrivelmente carismáticos. Tivemos um ex-astro de Hollywood eleito presidente norte-americano que foi considerado reacionário por muitos por abrir diálogos inéditos quando recebeu o chefe de Estado da antiga União Soviética que implementou a Perestóica e o Glasnost e assumiu os erros em Chernobyl punindo os culpados, também recebido pela premier britânica chamada "dama de ferro", mas detentora de um crédito internacional imbatível pelos seus antecessores e sucessores conhecidamente tradicionais e fechados servos da coroa, tivemos também um presidente francês anti-testes nucleares que recebeu o mesmo chefe da União Soviética, um papa "pop" que pediu desculpa publicamente aos judeus pelos atos de maldade praticados na Segunda Guerra, apoiou a "causa palestina", viajou dois anos de seu pontificado, foi recebido por povos conhecidos como "inimigos" da Igreja Católica, recebeu o chefe maior do Estado cubano no Vaticano e foi até Cuba retribuir a visita, quando assistimos pela primeira vez depois da Revolução Cubana cruzes sendo levantadas em manifesto a fé cristã. Celebramos a histórica primeira visita de um papa a antiga URSS. Vimos o chefe da Autoridada Palestina e o premier israelense apertarem as mãos em público. A queda do Muro de Berlim, o fim das ditaduras na América do Sul, o fim gradual da Guerra Fria.

De todos esses personagem históricos podemos dizer a mesma coisa, que são ou foram "filhos" de uma guerra ou de regimes totalitários. Em 1939, no início da Segunda Guerra, nenhum deles era chefe de Estado, presidente ou nem mesmo padre. A incrível e notória noção de ser humano, a valorização do indivíduo no seu mínimo e na essência vem desses que foram com certeza oprimidos e tiveram de superar as fraquezas para escaparem vivos da até então maior guerra da História. Já não é mais.

A guerra é lição para os que não tiraram vantagens dela, mais uma vez provamos que não salva nenhuma nação, não trás vantagens econômicas incríveis a ninguém nem a nenhum país, não regozija nenhuma bandeira e não celebra a vitória de nada. Assistimos um povo celebrar a paz, e muitas vezes deixar "escapar" a humanidade através dos seus chefes de Estado. Tivemos mais paz que guerra, proporcionalmente, mas ainda mais morte que vida. Tivemos as absurdas Guerras do Vietnã, das Malvinas, do Camboja, do Golfo Pérsico, do Irã-Iraque, e não por serem revoltas contra ou causadas por opressores tiro o rótulo de ridículo e absurdo da Intifada, Bósnia-Herzegovina, Líbano e Haiti. Precisamos provar tudo de novo, que para promover a paz é preciso falar menos em guerra e mais em paz.

Como genializou o pensamento nosso, Millôr "A guerra é a continuação da paz. Só que com muito mais dinheiro"*.

*(FERNANDES, Millôr, Millôr Definitivo - A Bíblia do Caos, L&PM, POA, 1994)

sexta-feira, 1 de abril de 2005

Sedução

Fui seduzido. A mídia conseguiu me trazer aqui, depois de um tempo discutindo uma das mesmas coisas de sempre, a eutanásia. Uma discussão que não tem fim. Você é a favor ou contra a eutanásia? Que papo furado! Os Estados Unidos mais uma vez atraiu a atenção para um caso isolado de uma pessoa desconhecida, mais uma vez nós discutimos o que eles propuseram. Não quero parecer desrespeitoso e crítico a ponto de ferir os valores da família dessa senhora que faleceu ontem, pelo contrário, escrevo aqui a minha indignação em relação a esse poder do Estado de determinar o que fazer de uma opção pessoal de viver ou não viver de alguém e o pior, utilizar disso para que falemos sempre mais sobre esse sistema democrático perfeito.

Valores mal discutidos nos trouxeram a essa quase confusão mental coletiva, uma falsa consciência do que é ser judaico-cristão está aqui e vendemos aos montes em nossos jornais, telejornais e outros meios de massa, o que me assusta é que mais uma vez esquecemos que o poder econômico dos Estados Unidos conseguiu travar as idéias de todos nós e voltamos a uma discussão idiota e medíocre sobre vida e morte. Não temos mais relação com a solução e mediação de problemas através da informação, o jornalista me parece buscar somente informar e informar e informar e informar de novo.

Vergonha secular foi usarmos motivos esdrúxulos para ignorar a ONU, uma convenção que tomou anos ou séculos, se pensarmos em História, de discussão sobre meios de conciliar problemas. Por meio de um poder econômico hegemônico negamos tudo e inventamos desculpas para invadirmos alguns países interessantí$$imos, mas agora precisamos procurar desculpas para sairmos deles.

Fui seduzido pelos Estados Unidos de novo, por esse blábláblá sem sentido e novamente chegamos a conclusão de que Sempre Beberemos Coca-Cola! AAAAH!