É um negócio da China!
Até que um dia recebemos o convite vindo da FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) para uma esperada reunião com empresários chineses. Os tão interessantes, promissores e "novidades" no mercado internacional. Lembro que o dono da empresa quando soube da reunião ficou entusiasmado e propôs a sua ida conosco ao encontro que seria com os membros de um órgão parecido com uma federação das indústrias da Província chinesa de Sichuan.
Chegamos cedo a FIEP, sentamos, estávamos ansiosos, quando chegaram todos. O vice-presidente da FIEP fez um discurso introdutório e apresentou os representantes chineses, a intérprete mandarim-português e todos nós, empresários e representantes de empresas brasileiras. Notei, estranhamente, que os chineses pareciam flutuar em uma piscina de água fria em um dia de inverno.
Uma apresentação sobre o Paraná foi feita por um membro da diretoria da FIEP e traduzida pela intérprete, que em certos momentos teve de recorrer à ajuda de um chinês sentado entre todos nós (naturalizado brasileiro e o dono de uma empresa que exporta, entre outras coisas, a Cachaça 51 para a China), logo depois uma apresentação sobre Sichuan foi feita por um rapaz de no máximo 25 anos, chamado "Robby", traduzida também pela intérprete.
Ao fim das apresentações, dos cortejos formais, vieram as perguntas aos empresários sobre o interesse em produtos vendidos e comprados, pelos presentes. A reunião logo virou uma feira. Ficou mais claro ainda para mim a sensação da flutuação dos chineses quando eu me senti flutuando também. Existia ali um empecilho incrível que travava a nossa relação, o idioma. "Robby" era o único entre os dezoito membros da comitiva de Sichuan que falava inglês, macarrônico, mas falava. Nós não tínhamos outra chance que não tentar falar através do rapaz ou pedir auxílio à intérprete, o que virou uma bagunça naquela disputa de atenção de mascates. O highlight da reunião foi um dos dezoito chineses que distribuía seu cartão de visita sem a versão em letras ocidentais.