Mil ao Contrário - 3 anos

http://brazilaroundtheworld.blogspot.com/
Quando eu descobri que a literatura ia me levar para lugar nenhum, eu decidi: é pra lá mesmo que eu tenho que ir!
Eu não sou nenhum especialista em franquias e nunca fui muito simpático a esse sistema. Sempre me pareceu mais vantajoso ser franqueador do que franqueado e mesmo assim teria medo de ser franqueador. Em 2001 um grande amigo me contou que transformaria sua lanchonete em franquia, acabaria vendendo o modelo do seu negócio, que era um sucesso em Maceió, para o resto do Brasil. Logo veio um convite para que eu e outro amigo nos uníssemos a ele para buscarmos investidores e estruturarmos a franquia. Compramos livros, estudamos, consultamos especialistas e chegamos a conclusão de que era um trabalho dificílimo e não tínhamos fôlego financeiro para tal, concluo que dessa experiência vem meu receio com o "mundo do franchising".
Entre 2006 e 2007 os números para o setor de franquias contaram um crescimento de 16% no faturamento, 18% no número de redes e 5% no número de unidades (segundo a ABF – Associação Brasileira de Franchising), deixando claro um bom crescimento para os franqueadores e não tão bom para os franqueados, vendo a evolução do faturamento do setor e da estruturação de redes em forma de franquias e um crescimento mais de 10% menor das unidades de negócio abertas. Demonstra que virar franquia, apesar de caro e difícil ainda parece bom negócio, mas expandir organicamente é um "buraco mais embaixo".
Acredito que a administração de franquias demonstra mais uma face da nova economia brasileira que cada vez mais se especifica e se torna global, onde as áreas da administração ficam cada vez mais finas, no sentido de sintonia, de especificidade de conhecimento. Vemos as grandes franquias internacionais Starbucks e Outback sendo comercializadas no Brasil com empresários que já demonstraram sua habilidade em administrar alguma coisa, ou até mesmo alguma rede ou sistema de franchising em si. Franquias nacionais ou internacionais de menor porte, porém não menos lucrativas como O Boticário e 5àSec seguem a mesma lógica, são concedidas pelos proprietários a quem já demonstrou sucesso empresarial. Mesmo sem participar do processo podemos perceber a relação direta com uma análise criteriosa de risco que envolve diversos aspectos na concessão ou não de uma franquia. Outro importante aspecto me parece ser a análise do franqueado que decide por essa ou aquela rede. Há alguns meses comendo um doce em uma loja de uma rede de docerias me questionei: "Qual seria o diferencial do brigadeiro daqui comparado ao brigadeiro da padaria da esquina?", arriscaríamos no serviço "em torno do brigadeiro". Correto, concordo. Mas me questiono sobre quanto as amarras dos parâmetros da uma franquia podem trava-la na competição do ganho em escala de um concorrente local, que além disso muda e inova com mais velocidade, atende com mais subjetividade e em uma análise fria e simplista, está tratando um brigadeiro como ele realmente é, um simples docinho.
Foto: Linda Nylind/The Guardian (www.guardian.co.uk)